Em uma breve mensagem publicada em sua conta no X, a líder opositora María Corina Machado se pronunciou pela primeira vez ao sequestro pelas forças da ditadura de Nicolás Maduro e às manifestações que ocorreram em toda a Venezuela. “Hoje, o Bravo Povo demonstrou como se VENCE o medo! Nunca me senti tão orgulhosa de ser venezuelana. Obrigada, obrigada, a todos os cidadãos que saíram às ruas para reivindicar nossa vitória de 28 de julho e COBRÁ-LA!”, publicou Machado.
Ela acrescentou: “Meu coração está com o venezuelano que foi baleado quando as forças repressivas do regime me detiveram. Estou agora em um lugar seguro e com mais determinação do que nunca para seguir junto a vocês ATÉ O FIM!”. Machado concluiu: “Amanhã vou comunicar o que ocorreu hoje e o que está por vir. A Venezuela será LIVRE! GLÓRIA AO BRAVO POVO!”.
Denúncia do Sequestro
O Comando ConVzla denunciou o sequestro após a líder opositora liderar uma manifestação em Caracas para reivindicar a vitória de González Urrutia nas eleições presidenciais de 28 de julho. Machado reapareceu hoje após permanecer 133 dias na clandestinidade. Em uma publicação no X, a equipe opositora informou que a ex-deputada foi retida após ser “interceptada e derrubada da moto em que se deslocava”. “No incidente, armas de fogo foram disparadas. Ela foi levada à força. Durante o período de seu sequestro, foi forçada a gravar vários vídeos e depois foi libertada”, acrescentou a fonte.
Resposta do Regime de Maduro
Por sua vez, o regime de Nicolás Maduro rejeitou as denúncias sobre o sequestro de María Corina Machado, divulgadas na tarde desta quinta-feira, e afirmou que se tratou de uma “operação psicológica” projetada para gerar violência no país. O procurador-geral, Tarek William Saab, afirmou em comunicado oficial que “hoje tentou-se desenvolver uma funesta operação psicológica para desencadear atos de violência no momento em que o país se prepara para a posse do Presidente da República, Nicolás Maduro Moros, no período 2025-2031”, referindo-se à cerimônia prevista para esta sexta-feira em Caracas.
Saab classificou os fatos como uma “medíocre operação de falsa bandeira” e assegurou que, de uma “plataforma que responde a interesses apátridas”, foi difundido de forma “falsa” que María Corina Machado havia sido “interceptada e detida”. Segundo Saab, esta ação teria sido organizada por “dirigentes da extrema direita” tanto dentro quanto fora da Venezuela, que teriam “premeditado e coordenado a nível internacional” esta suposta manobra para “semear caos e violência” e desviar a atenção do que o regime considera um “dia de júbilo” para o país.
Acusações Contra Machado
No comunicado, o procurador acusou Machado de ser “reincidente neste tipo de teatro” para se vitimizar. Ele também lembrou incidentes passados, como o ataque à sua caravana em julho de 2024, e o áudio de 2011 em que supostamente alertava sobre um falso atentado contra ela. Saab até questionou a estabilidade emocional da líder opositora, aludindo que ela poderia sofrer de “Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL)”.
Machado enfrenta uma investigação penal por vários delitos relacionados às suas ações após as eleições de 28 de julho de 2024, nas quais o oficialista Edmundo González Urrutia foi declarado vencedor. Entre as acusações estão traição à pátria, conspiração com países estrangeiros e associação para delinquir. Saab adiantou que os fatos denunciados nesta quinta-feira poderiam adicionar novas acusações contra ela.
Reações de Diosdado Cabello
O dirigente chavista Diosdado Cabello também desconsiderou as acusações de sequestro, classificando-as como “ridículas das ridículas”. Segundo Cabello, Machado teria tentado gerar atenção internacional ao afirmar que foi capturada pelo regime, mas “não gerou nada” e acabou desmentindo o sequestro em um vídeo em que disse estar em bom estado. “Uma invenção, uma mentira”, afirmou, reiterando suas críticas habituais à oposição, que acusou de servir aos interesses do “imperialismo”.
A Procuradoria e outras instituições do regime asseguraram que a paz e a estabilidade estão garantidas pelas forças do Estado e prometeram “grandes vitórias” em linha com o que descreveram como o legado dos libertadores.
GAZETA BRASIL