A Justiça do Rio de Janeiro determinou o arquivamento de um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) que apurava a denúncia de quatro mulheres contra o ex-diretor de humor da TV Globo, Marcius Melhem, pelo crime de violência psicológica. A informação foi relatada pela coluna de Mônica Bergamo do jornal Folha de S.Paulo, nesta sexta-feira (17).
O juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, acatou o pedido de arquivamento do Ministério Público, que havia aberto o procedimento para investigar se as postagens de Melhem continham “comentários públicos constrangedores e desqualificadores das vítimas e testemunhas”, gerando manifestações de ódio nas redes sociais contra elas.
A promotora Fabíola Lovis concluiu que as postagens de Melhem tinham um caráter defensivo, já que ele se manifestou nas redes sociais apenas para se defender das acusações. Segundo ela, a análise de um laudo técnico feito por quatro peritas do Ministério Público apontou contradições nas versões das vítimas e sugeriu que o discurso delas poderia ser resultado de um direcionamento orientado, devido à semelhança entre seus depoimentos.
Além disso, o laudo também revelou que as mulheres mencionaram sofrer de problemas como ansiedade, insônia e depressão, e que suas vidas profissionais foram prejudicadas. Apesar disso, a promotora reforçou que as vítimas mantinham uma narrativa consistente, o que indicaria que as postagens de Melhem se limitavam a uma defesa legítima.
A defesa das mulheres, representada pelos advogados Mayra Cotta e Davi Tangerino, afirmou que não se manifestaria sobre o arquivamento do PIC. No entanto, anteriormente, eles haviam destacado que as vítimas, apesar das dificuldades enfrentadas ao longo do processo, deveriam prevalecer no caso. Eles também afirmaram que o processo investigativo e as denúncias contra Melhem continuavam sendo relevantes.
Em sua decisão, a promotora destacou que Melhem só passou a se manifestar publicamente após ser citado em diversas entrevistas e matérias, principalmente de sua advogada Mayra Cotta. Ela considerou que o ex-diretor, por meio de suas postagens, tinha o direito de se defender publicamente, dado o espaço limitado que teve na mídia para expressar sua versão dos fatos.
As denúncias contra Melhem vieram a público em 2019, com a notícia de que a atriz Dani Calabresa havia procurado o setor de compliance da TV Globo para acusá-lo de assédio.
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