O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, embarcou neste domingo (2) para Washington, onde se reunirá nesta semana com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Antes de deixar o país, Netanyahu afirmou que a cooperação com o governo norte-americano pode redefinir o Oriente Médio.
“Nossos encontros em Washington abordarão questões críticas para Israel e para a região: a vitória sobre o Hamas, a liberação de todos os nossos reféns e o enfrentamento ao eixo do terror iraniano em todas as suas vertentes. Esse eixo não apenas ameaça a paz de Israel, mas também do Oriente Médio e de todo o mundo”, declarou Netanyahu.
Falando em inglês antes de embarcar no avião oficial “Asas de Sião”, o premiê destacou a importância do encontro com Trump. “Ser o primeiro líder estrangeiro a se reunir com Trump na Casa Branca desde sua posse é uma prova da força da aliança entre Israel e os EUA. Também é uma prova da força da nossa amizade pessoal”, afirmou.
Expansão dos Acordos de Abraão
Netanyahu ressaltou que as decisões tomadas no contexto da guerra contra o Hamas já alteraram significativamente o cenário político da região. “As escolhas que fizemos e a coragem dos nossos soldados redesenharam o mapa do Oriente Médio. E acredito que, trabalhando de perto com o presidente Trump, podemos redesenhá-lo ainda mais, para melhor”, disse.
O primeiro-ministro também mencionou a possibilidade de avançar nas relações com a Arábia Saudita. Segundo a rede Kan, de Israel, o governo israelense busca estabelecer uma equipe de negociação para discutir relações diplomáticas com o reino saudita. O plano faz parte da visão de Trump para uma “Era de Ouro da Paz no Oriente Médio”.
Durante seu primeiro mandato, Trump ajudou a intermediar os Acordos de Abraão, que resultaram na normalização das relações de Israel com Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos. No entanto, a Arábia Saudita não aderiu ao acordo de 2020 e nunca reconheceu oficialmente Israel.
A guerra em Gaza e as exigências sauditas para a criação de um Estado palestino levaram à paralisação das negociações. Contudo, Trump declarou recentemente que espera usar o cessar-fogo em Gaza como um trampolim para expandir os Acordos de Abraão e incluir a Arábia Saudita.
Negociações sobre o cessar-fogo e pressões políticas
A visita de Netanyahu ocorre em um momento decisivo para a negociação do cessar-fogo em Gaza, mediado por EUA, Egito e Catar. A trégua resultou na liberação de 13 reféns israelenses e cinco tailandeses, mas a próxima fase do acordo está em discussão.
Nos bastidores, Netanyahu enfrenta pressão dos partidos de extrema-direita de sua coalizão, que exigem a retomada dos combates após a primeira etapa do cessar-fogo. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, defendeu a intensificação do controle israelense sobre a Cisjordânia e alertou que a destruição do Hamas é essencial para a segurança nacional.
“É essencial garantir a vitória total sobre o Hamas, fortalecer nossa segurança em todas as fronteiras e enfrentar a principal ameaça: o regime iraniano e seu programa nuclear”, declarou Smotrich.
A pressão política dentro de Israel pode influenciar a postura de Netanyahu nas reuniões em Washington. A continuidade do cessar-fogo e as negociações para a liberação dos reféns dependerão do resultado do encontro com Trump e do equilíbrio de forças dentro do governo israelense.
Saúde de Netanyahu
Acompanhando Netanyahu na viagem, estão o ministro dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, e o coordenador do governo para assuntos de reféns, Gal Hirsch. Também integra a comitiva o cardiologista Dr. Eyal Heller, do Centro Médico Sheba.
O primeiro-ministro, que foi submetido a uma cirurgia de próstata em dezembro e usa um marcapasso desde 2023, não divulgou informações sobre sua saúde, mas a presença do médico na delegação sugere um monitoramento especial.
Antes de se reunir com Trump, Netanyahu terá um encontro com Steve Witkoff, enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, para discutir a segunda fase do acordo de libertação de reféns. A postura de Netanyahu nos próximos dias será decisiva para a continuidade das negociações e para o futuro do Oriente Médio.
GAZETA BRASIL