A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) anunciou nesta sexta-feira (14) a abertura de uma investigação sobre os alertas falsos de terremoto enviados pelo Google para usuários do sistema Android. Segundo a agência, as notificações equivocadas foram disparadas em regiões de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, mas a quantidade exata de pessoas afetadas não foi divulgada.
A Anatel esclareceu que os avisos não partiram do sistema oficial da agência, o Defesa Civil Alerta, lançado em dezembro. "Considerando o caso noticiado e o impacto causado na população, a Anatel instaurou um processo administrativo para avaliar a situação em detalhes, a fim de compreender os mecanismos de geração e de disseminação de tais alertas via redes de telecomunicações. Verificada qualquer irregularidade, a Agência adotará as providências adequadas junto à empresa responsável, de modo a impedir novos episódios do evento observado, preservando a eficácia e a credibilidade do Defesa Civil Alerta perante a sociedade", informou em nota.
A agência também reforçou que o envio de alertas de desastres via sistemas de telecomunicações no Brasil ocorre por meio de mensagens de texto, TVs por assinatura e pelo Defesa Civil Alerta, que utiliza a tecnologia Cell Broadcast. Esse sistema emite avisos sonoros e vibração para os celulares sem necessidade de cadastro.
Google desativa ferramenta no Brasil
Após a repercussão do caso, o Google pediu desculpas pelo erro e informou que desativou o sistema de alertas de terremoto no Brasil. A empresa explicou que a ferramenta é um complemento aos sistemas oficiais de sismologia e não tem a intenção de substituí-los.
"O Sistema Android de Alertas de Terremoto é um sistema complementar que usa celulares Android para rapidamente estimar vibrações de terremotos e oferecer alertas para as pessoas. Ele não foi desenhado para substituir nenhum outro sistema de alerta oficial. Em 14 de fevereiro, nosso sistema detectou sinais de celulares em localização próxima ao litoral de São Paulo e disparou um alerta de terremoto aos usuários na região. Nós desativamos prontamente o sistema de alerta no Brasil e estamos investigando o ocorrido. Pedimos desculpas aos nossos usuários pelo inconveniente e seguimos comprometidos em aprimorar nossas ferramentas", afirmou a empresa.
A tecnologia utilizada pelo Google se baseia no acelerômetro dos celulares, sensores capazes de detectar movimentos e vibrações. Quando diversos dispositivos registram sinais semelhantes, um alerta pode ser emitido, com o objetivo de notificar os usuários segundos antes dos avisos oficiais. No entanto, a falha no sistema resultou em um alarme falso.
Especialistas apontam falha no sistema
A Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) confirmou que não houve registro de atividade sísmica na costa brasileira e classificou o episódio como um “falso alerta”. O coordenador da RSBR, Dr. Sergio Fontes, explicou que "o sistema do Android utiliza o acelerômetro dos celulares para identificar possíveis tremores, mas algo não está devidamente calibrado para o Brasil, o que pode levar a notificações equivocadas".
O Observatório Nacional também se manifestou, destacando que "essa tecnologia tem potencial para complementar o monitoramento oficial, mas ainda enfrenta desafios para evitar alarmes falsos, especialmente em regiões sem alta sismicidade como o Brasil".
Devido ao incidente, o termo “terremoto perto de mim” tornou-se um dos mais pesquisados no Google nesta sexta-feira.
GAZETA BRASIL