Neste domingo, 20, é comemorado o Dia da Consciência Negra e o setor de tecnologia busca contribuir para uma maior igualdade racial no país. A demanda média anual de profissionais de tecnologia da informação e comunicação é de 159 mil vagas. Entretanto, o Ministério do Trabalho e Previdência aponta que, em 2022, o número de pessoas negras com carteira de trabalho assinada caiu de 51 para 45%. Em entrevista à Jovem Pan News, a gerente de projetos Mariana Gonçalves, contou como foi ultrapassar o estigma da mulher negra que atua no setor tecnológico: “É possível sim mudar de carreira independente da idade, do sexo, da sua raça. Se você tiver dedicação, força de vontade e oportunidade, você chega onde quiser”. Mariana trabalha na França e reforçou que sobram vagar no mercado de tecnologia em todo o mundo e com boas remunerações no setor. A pesquisa Potências Negras Tech, realizada em outubro aponta obstáculos no setor. O estudo ouviu 1.427 pessoas, 69% pretas e 21% pardas, das quais 83% afirmam que já sofreram discriminação no ambiente corporativo por colegas de trabalho, na área de recursos humanos e chefia.
Buscando mudar o setor, Eliel Ebenézer criou a Qodeless, uma escola de profissionalização na área de T.I.: “Eu tenho 15 anos de experiência na área e, nos meus primeiros anos de carreira eu percebi que eu era menos de 10%. Como uma pessoa preta, eu tenho propriedade pra falar porque vi certas dificuldades, mas nunca coloquei isso em pauta. Não é a cor que define a capacidade técnica, é o esforço. Mas existem latentes dificuldades. Tenho recordações de momentos de trabalho que existiam diferenciações nos desafios e nas promoções. Isso eu vi ao longo da carreira”. De acordo com a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o mercado demandará 797 mil profissionais até 2025, mas o país forma anualmente 53 mil pessoas nessa área. O desafio passa por conseguir justamente uma oportunidade, avalia a CEO da Minuto Consultoria, Ana Minuto: “Todo esse ambiente cultural onde eu não sou treinada e não é falado para mim sobre tecnologia, isso acontece com negros também. Normalmente ligam tecnologia à lógica, à matemática e você como mulher não seria lógica, você como mulher é uma pessoa que tem que cuidar dos filhos, do cachorro e da casa. Você é cuidadora, você não é matemática”.
“O segundo ponto é a questão do machismo e do racismo que vão colocando essas pessoas, nos colocando, em determinados lugares. Tem lugar que eu posso ter acesso enquanto negra, e tem lugar que eu não posso ter acesso. Tem lugar que eu posso ter acesso como mulher, e tem lugar que eu não posso ter acesso. Eu trabalhei com tecnologia mais de 15 anos e durante muitos anos eu fui a única mulher, e a única mulher negra. Isso vai gerando em você um sentimento de que não é para você”, declarou Ana. O levantamento da Potências Negras Tech também aponta que 80% dos entrevistados acreditam em tecnologia para impulsionar o crescimento profissional, mas o caminho até lá ainda é excludente.
*Com informações do repórter Marcelo Mattos
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