Ao longo dos quatro anos de seu mandato, o agora ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou R$ 27,6 milhões no cartão corporativo disponibilizado para a Presidência da República. Corrigindo o valor pela inflação, o montante chega a R$ 32,6 milhões. Ainda assim, a quantidade é inferior aos gastos pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seus dois mandatos anteriores (2003 a 2010) e pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em sua primeira gestão. Segundo levantamento feito pela Jovem Pan News, os governos Lula 1 e 2 e o de Dilma gastaram, respectivamente, R$ 59 milhões, R$ 49,7 milhões e R$ 42,3 milhões. Os menores valores foram registrados no segundo mandato de Dilma, interrompido pelo impeachment, e no período em que o vice da petista, Michel Temer, esteve à frente do país (2016 a 2018).
A diferença nos gastos pode ser explicada, entre outras coisas, pela modalidade dos gastos. Cerca de um terço dos gastos de Bolsonaro ocorreram com alimentação e supermercado (R$ 10,2 milhões). Tradicionalmente, os maiores gastos foram feitos com hospedagens durante viagens ao exterior. A exceção ocorreu na primeira gestão de Lula, quando aproximadamente 48% do valor foi concentrada no aluguel de transportes. O cartão corporativo (Cartão de Pagamento do Governo Federal, o CPGF) foi criado por decreto em 2001, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na quinta-feira, 12, o governo federal divulgou todos os gastos dos presidentes da República de 2003 a 2022. Segundo o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, a medida atendeu a um pedido do Tribunal de Contas da União (TCU).
“O Acórdão do dia 30/11 determinou que a divulgação deve ser feita e com transparência ativa, portanto, publicada no site de transparência do governo”, disse Pimenta a jornalistas na quinta-feira, 12. No primeiro dia de governo, o presidente Lula assinou um decreto determinado que a Controladoria-Geral da União (CGU) analisasse a necessidade de manutenção ou não do sigilo de uma série de dados. Segundo Pimenta, no entanto, os gastos com o cartão corporativo não se referem aos processos que estão sob a análise da CGU.
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