A temporada 2023 do Circuito Mundial de Surfe (WCT) se inicia neste domingo, 29, com a primeira etapa no Havaí. Três surfistas brasileiros dos dez que vão disputar o título mundial na categoria masculina falaram com o site da Jovem Pan e mostraram acreditar que o favoritismo está do lado do Brasil. Mais do que isso, que o país pode dominar o esporte por anos e anos. O atual campeão Filipe Toledo, mais conhecido como Filipinho, o tricampeão Gabriel Medina e o surfista Miguel Pupo destacaram o domínio brasileiro nos últimos tempos e disseram que estão 100% preparados e focados para mais um ano de competição. Para se ter uma ideia, desde 2014, quando Medina se tornou o primeiro surfista brasileiro campeão mundial, o país obteve seis títulos: além dos três de Gabriel (2014, 2018 e 2021), também entraram para a honorável lista Adriano de Souza (2015), mais conhecido como Mineirinho, Ítalo Ferreira (2019) e Filipinho (2022). Nos últimos quatro anos, apenas os brasileiros levantaram a taça — em 2020 o circuito foi cancelado devido à pandemia da Covid-19. Neste ano, os dez surfistas brasileiros que vão disputar o circuito são: Filipe Toledo, Gabriel Medina, Ítalo Ferreira, Caio Ibelli, Jadson André, Yago Dora, os irmãos Miguel e Samuel Pupo, além de João Chianca e Michael Rodrigues. Na categoria feminina, apenas Tatiana Weston-Webb defenderá as cores verde e amarela.
Após anos batendo na trave em busca da conquista do título mundial, o atual campeão Filipe Toledo disse que inicia a temporada 2023 sem o peso que o incomodava nos últimos anos. “Creio que estou me sentindo mais leve, sem aquele peso nas costas de alcançar o tão sonhado título mundial, que, diga-se de passagem, muitos atletas realmente muito bons ainda não conseguiram alcançar. Portanto, percebam a dificuldade”, apontou Filipinho, em entrevista exclusiva ao site da Jovem Pan. O surfista revelou que aproveitou o fim de ano para descansar com a família, já que o objetivo nesta temporada também será alcançar a classificação para os Jogos Olímpicos de 2024, em Paris. Apenas os dois atletas brasileiros mais bem ranqueados no Circuito Mundial garantirão a vaga. “Neste ano, tirei um tempo para mim e para minha família após o término do tour. Estava precisando relaxar e processar tudo que aconteceu na minha vida até aqui. Voltei a treinar há mais de um mês e estou me sentindo tranquilo. Acabei de chegar no Havaí para colocar minhas pranchas no pé e iniciar meu ano olímpico”, enfatizou. Filipinho também ressaltou a força dos brasileiros, que, ao longo desta década, dominaram boa parte das etapas do circuito. “Os brasileiros sempre serão favoritos no tour. Nós alcançamos um nível de surf que agora serve de inspiração para o resto do mundo. Já é quase uma década de domínio.” Questionado sobre qual adversário gostaria de encarar neste começo de ano, o atual campeão mundial foi curto e direto: “Os mais cascas-grossas, sempre. Não estou escolhendo muito não. Temos que matar um leão por dia. Todos eles são muito bons, mas os top 10 hoje são bastante fortes”, concluiu.
O tricampeão Gabriel Medina volta para o circuito em busca do tetracampeonato e da vaga para as Olimpíadas. “Eu quero ir bem esse ano. É um ano de classificação para os Jogos Olímpicos e, claro, também estou buscando ganhar mais um título mundial. Espero ter um ano excelente”, comentou o tricampeão, em mensagem enviada por sua assessoria ao site da Jovem Pan. Em 2022, ele participou de apenas algumas etapas e optou por cuidar da saúde mental. Quando voltou, no meio da temporada, acabou lesionando o joelho na etapa de Saquarema, no Rio de Janeiro, e teve que se afastar mais uma vez das competições. Mesmo assim, o surfista não saiu de mãos vazias no ano passado. Recuperado após cinco meses de tratamento, no início de novembro, Medina conquistou o título do Challenger de Saquarema, evento classificatório para a elite do mundial. O paulista de Maresias aceitou o convite de para a etapa mesmo sem precisar dos pontos, já que estava garantido no Circuito Mundial deste ano.
O surfista de Maresias está no Circuito Mundial de Surfe há 12 anos, mas sua melhor temporada foi a última. Isso porque, além de ter disputado a semifinal da etapa de Pipeline, no Havaí, Miguel Pupo conquistou a sua primeira vitória na liga. Foi na lendária Teahupoo, no Taiti, que o paulista sagrou-se campeão ao bater o francês Kauli Vaast na final. Mesmo vencendo a etapa, Miguel encerrou a temporada fora do top 5, o grupo de atletas classificados para a WSL Finals, na Califórnia. Em alta, ele acredita que 2023 pode ser o melhor ano de sua carreira. “Já são 12 anos no WCT, elite do surfe mundial. O ano passado foi incrível, o meu melhor. Este pode superar. Acredito que a vitória me deu confiança para alcançar novos horizontes, fiquei a 80 pontos de entrar para as finais e disputar o título mundial. O objetivo neste ano é estar dentro desses cinco e disputar essa taça. Mas cada um tem uma história, tem um desafio, e todos os anos são bons, todos os anos têm algo positivo para se aproveitar. Acredito que 2023 vai ser melhor ainda”, destacou o surfista ao site da Jovem Pan. Miguel chegou ao Havaí para iniciar a preparação antes da maior parte dos surfistas e se sente confiante. “Tento chegar sempre antes do evento para surfar, se adaptar com o fuso horário, casa, chegar cedo na praia, ou seja, criar uma rotina mesmo, como se morasse aqui. Me sinto melhor, adaptado e confortável para disputar o evento. A preparação está boa, estou confiante e as pranchas estão boas.” Ele também ressaltou que a geração brasileira de surfistas deve seguir dominante por anos a fio. “Os brasileiros são favoritos não só para este ano, mas para os próximos cinco. A geração do Brasil é muito boa, muito forte, competitiva e nova. Se for ver, o Filipe foi campeão com 28 anos em 2022. Pessoal está novo. Cada um de nós pode chegar até os 37 anos competindo em alto nível, a gente tem mais uns cinco ou seis anos pela frente. Isso só garante que o Brasil vai estar disputando o topo nos próximos anos, sem dúvida”, completou.