Com dívidas de R$ 4,4 bilhões, o grupo Petrópolis, dono das marcas Itaipava, Crystal e Petra, entrou com pedido de recuperação judicial na Justiça do Rio de Janeiro. A empresa tem fábrica em Rondonópolis (225 km de Cuiabá) e outros 17 centros de distribuição em Mato Grosso.
Oficialmente, não está confirmada a desativação de unidades em Mato Grosso, mas, nos bastidores, comenta-se de que a ideia central é reduzir o número de filiais no país para conter a crise e, assim, evitar falência.
A fábrica em Rondonópolis foi inaugurada em 2008 após o Estado conceder incentivos fiscais. Em abril de 2021, no entanto, o incentivo fiscal por anulado por ordem do Tribunal de Justiça.
Na época, investigações da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual (MPE) concluíram que o grupo Petrópolis recebeu, em 2011, um aditivo de incentivos fiscais, ou seja, aumentou o percentual de desoneração de impostos, após ter pago R$ 2,5 milhões de dívidas de campanha do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), e outros R$ 300 mil para comprar a "retratação" do ex-secretário de Fazenda, Eder Moraes, que havia denunciado diversas autoridades ao Ministério Público por corrupção.
A revelação do esquema também foi feita pelo ex-secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas, Energia (Sicme) e Casa Civil, Pedro Nadaf, em sua delação premiada à Procuradoria-Geral da República (PGR), homologada em março pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Da dívida de R$ 4,4 milhões, 48% são financeiras e 52% com fornecedores e terceiros. De acordo com a petição em que pediu recuperação, o grupo enfrenta uma crise de liquidez há 18 meses decorrente da redução de receita.
No ano passado, a empresa vendeu 24,1 milhões de hectolitros de bebidas, o que representa uma queda de 23% na comparação com 2020. Essa redução significou um recuo de 17% na receita bruta do período. Ao mesmo tempo, os custos do setor subiram e, ainda segundo a defesa da Petrópolis, não foram repassados ao consumidor.
RepórterMT