A Polícia Civil prendeu neste sábado (18) o 1º tenente da Polícia Militar Fernando Genauro da Silva, de 33 anos, suspeito de ser o motorista do carro usado na execução de Vinícius Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC). O crime ocorreu em novembro de 2024, na saída do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Com essa detenção, o número de PMs presos por envolvimento no caso sobe para 16.
Genauro foi capturado em sua residência, em Osasco, e conduzido à sede do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), onde prestou depoimento. Após os procedimentos, ele foi transferido para o Presídio Romão Gomes, exclusivo para policiais militares. A operação contou com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar.
O Assassinato
Vinícius Gritzbach, que havia firmado um acordo de delação premiada com o Ministério Público, foi assassinado em 8 de novembro de 2024, após desembarcar no aeroporto com sua namorada. O crime ocorreu por volta das 16h, quando ele foi surpreendido por atiradores.
Segundo a perícia, foram disparados pelo menos 27 tiros, atingindo Gritzbach na cabeça, tórax e braços. Outros dois motoristas de aplicativo e uma passageira que desembarcava no aeroporto também foram baleados durante o ataque.
Gritzbach era conhecido por suas delações contra o PCC, que incluíam informações sobre lavagem de dinheiro, envolvimento da facção com o mercado imobiliário e assassinatos de líderes como Anselmo Bechelli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”, e Django. A delação foi homologada pela Justiça em abril de 2024, mas o empresário já era alvo de ameaças desde 2021.
Envolvimento de Policiais
As investigações revelaram que 14 dos PMs presos faziam parte da equipe de segurança pessoal de Gritzbach, contratada após o acordo de delação. Um outro policial é acusado de ser o autor dos disparos que resultaram na morte do empresário.
A Secretaria de Segurança Pública afirmou, em nota, que "as forças de segurança do estado são instituições legalistas e que nenhum desvio de conduta será tolerado". A força-tarefa criada para apurar o caso segue em diligências para identificar e punir todos os envolvidos no crime.
Passado Conturbado
Gritzbach, que começou sua carreira como corretor de imóveis, se aproximou do PCC ao trabalhar com o traficante Anselmo Bechelli Santa Fausta. A relação culminou em acusações de que ele havia mandado matar “Cara Preta”, o que resultou na primeira sentença de morte contra ele dentro da facção.
No entanto, Gritzbach conseguiu escapar em 2021, supostamente porque era o único que detinha as chaves para o resgate de criptomoedas da organização criminosa. Após o episódio, ele passou a colaborar com o Ministério Público, fornecendo detalhes sobre as operações do PCC, o que o colocou em risco constante.
A Porte Engenharia, empresa na qual Gritzbach trabalhava antes de suas ligações com o crime, declarou que não mantém vínculos com ele há anos.
GAZETA BRASIL