O deputado federal Abílio Brunini (PL) insinuou que professores homossexuais forçariam alunos a manter relações sexuais para aprovarem os estudantes. A afirmação foi feita pelo parlamentar durante uma sessão realizada pela Câmara dos Deputados no último dia 8 de março, em que o Projeto de Lei 4534/2021 era apreciado na Casa. O texto do projeto diz respeito à criminalização de profissionais que exigem sexo em troca da prestação de algum serviço.
Durante a discussão da propositura, Abílio afirmou que já soube de professores homossexuais terem obrigado alunos a fazerem sexo com os mesmos em troca de aprovação, mesmo sem apresentar prova alguma sobre a afirmação.
"Quantas e quantas pessoas são vítimas desse tipo de assédio dentro da sala de aula, quando professores exigem um comportamento sexual para aprovar ou, com a renúncia do comportamento sexual, desaprovar e perseguir alunos dentro de sala de aula? Apesar de a maioria das vítimas desse tipo de caso ser do gênero feminino, há também denúncias de pessoas do gênero masculino e de outros gêneros. Já ouvi falar de professor homossexual forçar aluno a ter um caso para não reprovar no curso. Assim como héteros e de todos os gêneros. O assédio sexual não tem distinção dentro da sala de aula", afirmou Abílio.
Durante seu discurso, Abílio também afirmou que o expediente também é praticado no poder público, insinuando que em muitas prefeituras do Brasil, para se obter um cargo, homens e mulheres passam pelo "teste do sofá". Ele citou ainda o caso do humorista Marcius Melhem, suspeito de ter assediado a colega de Rede Globo, Dani Calabresa. Recentemente, ele apresentou mensagens trocadas entre e a atriz, dando indícios de que o episódio entre ambos tenha sido consentido.
"Em muitas prefeituras do Brasil, para se obter um cargo público, muitas mulheres e muitos homens são forçados a passar pelo teste do sofá. Quem não passa pelo teste do sofá não obtém um cargo público. Numa emissora famosa, de rede global, que tanto faz barulho no mercado, um famoso humorista exigia que principiantes comediantes passassem pelo teste do sofá para conseguir trabalhar lá", disse.
Por conta das declarações, uma nota de repúdio assinada por 12 entidades representativas de profissionais de educação e da população LGBTQIAP+ foi publicada contra Abílio, por conta das declarações consideradas homofóbicas pelo grupo. Na manifestação, as associações pedem que a conduta do parlamentar seja apurada pela Comissão de Ética e de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
"Sem apresentar prova, em mais um de seus atos levianos, o deputado federal bolsonarista que envergonha a população do nosso Estado, com indicativos de quebra de decoro parlamentar dentre outras infrações dentre as quais a que enquadra a LGBTfobia como crime aprovada pelo STF a partir da alteração da Lei n° 7716/89. O Congresso Nacional não pode servir de picadeiro e nem tampouco de utilização de falas que endossam os crimes de ódio à população LGBTQIAP+ no Brasil, sendo o estado de Mato Grosso um dos que mais matam e violam a população LGBTQIAP+", diz trecho da nota.
FOLHA MAX